terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

CAP. XV SAÚDE E LONGEVIDADE

Dissemos que o “Tônus Vital” não tem reposição, e por assim ser, devemos cuidar para nos mantermos psiquicamente equilibrados, caso contrário, na medida em que, por vivermos estressados, este se esgota, na mesma proporção se exaure também a capacidade defensiva do nosso sistema imunológico. Sem ele, como sabemos, não há como vencer inúmeras enfermidades que agridem a humanidade. Isso explica porque alguns chegam à decrepitude sem ter à idade cronológica correspondente, que outros faleçam em razão de problemas de senectude muito antes de se tornarem anciãos, enquanto uns poucos ultrapassam os 100 anos e ainda assim se mantém em plena forma... Sim, mesmo se o “Tônus Vital” não é renovável, como vimos, há outra energia que, desde que auferida diariamente sem interrupções, pode substituí-lo.
Mas, perguntarão alguns. Existe algum lugar nesse “palco de desafios” em que as pessoas não se estressam, ou se o fazem, renovam suas forças através de atividades físicas diárias para ultrapassar os 100 anos?
Vamos esclarecer, antes de continuarmos, que o que importa não é o lugar em que se vive, os sonhos que se acalentam ou a atividade que se exerce, aspectos que simulam a “arena em que todos se digladiam”, mas o “estado de ânimo”, ou seja, a “condição psíquica” que instituímos em nos mesmos. Em outras palavras, os “sentimentos” que definem nossas atitudes diante de quaisquer situações, visto que se desequilibrados - irracionais, por conseguinte - inevitavelmente acarretarão uma condição de stress seguida por algumas de suas conseqüências somáticas.

A busca pela receita para uma vida longa é tão antiga quanta a própria Humanidade. Inspirados pela longevidade dos habitantes de vilarejos isolados da ilha da Sardenha, na Itália, uma equipe internacional de demógrafos e geneticistas começa a apostar que entre os ingredientes para viver mais de 100 anos podem estar vinho, espaguete e uma peculiar seleção de genes.
A inspiração para a suposição tem nome. Chama-se Antonio Todde, que em 22 de janeiro completou 112 anos, tornando-se, segundo o "Guinness Book of Records", o homem mais velho do mundo. Mas Todde sozinho não motivou a atenção da ciência. O fato é que a Sardenha abriga o maior número comprovado de homens centenários.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisa do Envelhecimento dos Estados Unidos, a proporção de mulheres para homens centenários é de cinco para um. Mulheres vivem mais, supostamente, por fatores que variam de redução de nível de estresse, menor exposição a atividades perigosas, além de certa proteção natural.
Todavia, na Sardenha a realidade é outra. Lá as mulheres vivem bastante, cerca de 80 anos. Mas os homens centenários são mais freqüentes do que em qualquer outra parte do mundo. A proporção mulheres-homens de centenários é de dois para um.
Exemplo disso são os irmãos Brundu, da vila de Erula, não muito longe da terra natal de Todde, o vilarejo de Tiana, escondido no meio das montanhas sardas. Pietro e Antonio Brundu têm, respectivamente, 103 e 101 anos.
O que mais intriga especialistas em centenários como o demógrafo Claudio Franceschi, da Universidade de Bolonha (curiosamente a mais antiga universidade do mundo), é o fato de Todde, os Brundu e todos os demais anciãos da Sardenha estarem longe do perfil de vida saudável esperado em gente tão velha.
Os Brundu, por exemplo, são fumantes inveterados. Vinho e generosas refeições a base de massa são comuns à mesa de todos os centenários da Sardenha. Suas vilazinhas montanhosas são pacatas, mas a história de suas vidas inclui a participação na juventude em uma ou duas guerras mundiais.
Antonio Brundu gosta de lembrar as aventuras do tempo em que era policial, há 50 anos. Tanto ele quanto Todde, lúcidos e com saúde razoável para a idade, costumam atribuir a longevidade à dieta de massa regada a vinho e ao otimismo. Os cientistas lembram, todavia, que só uma ínfima parcela da Humanidade, incluídos aí os otimistas, vive o suficiente para soprar as velas do bolo de aniversário de 100 anos.
Por conta disso, Franceschi e James Vaupel, diretor do Instituto para Pesquisa Demográfica do Instituto Max Planck, em Rostock, na Alemanha, acreditam que um certo perfil genético pode estar por trás dos matusaléns da Sardenha. Vaupel imagina que ao estudar o que fez Todde e seus compatriotas viverem tanto pode ajudar mais gente a viver mais.
"Centenários são pioneiros das fronteiras da sobrevivência. Estudando esses pioneiros podemos descobrir como chegaram à idade tão extrema, talvez ajudando outras pessoas a viver mais também", disse Vaupel à revista americana "Science".
Outros lugares, como cidadezinhas dos Andes e a ilha de Okinawa, no Japão, são conhecidos por terem razoável número de centenários. Todavia, os registros oficiais são falhos e é impossível ter certeza sobre os dados. Na ilha mediterrânea, há registros confiáveis desde o século XVII.
Embora acredite que exista um forte componente ambiental, isto é, a vida na bonita e tranqüila Sardenha, Vaupel aposta que certas variações genéticas podem ter contribuído para a longevidade dos homens sardos. Opinião semelhante tem Gianni Pes e Ciriaco Carru, da Universidade de Sassari, que fizeram um levantamento do estilo de vida de cem centenários da Sardenha.
Fonte: “NotizieItalia” - 18/04/2001

Vaupel aposta que certas variações genéticas podem ter contribuído para a longevidade dos homens sardos. Mas, o que prova as variações genéticas? Se consultássemos um geneticista, responderia que nessa região, em um tempo passível de ser avaliado, um grupo de ancestrais dos atuais habitantes, no processo de adaptação, desenvolveu e aprimorou, misturando entre si, um gene que consentiu a quem o possuísse ultrapassar a barreira dos 100. Hoje, alguns de seus descendentes, isto é, aqueles que o tem em seu genoma, salvaguardadas determinadas condições, conseguem superar este nível de ancianidade.
O genoma é a informação hereditária de um organismo que está codificada no seu ADN (inclui tanto os genes como as chamadas seqüências não codificadoras), e na população do planeta, segundo os investigadores norte-americanos que mapearam as variações genéticas mais comuns, é idêntico em 99,9%. O 0,1% restante, segundo a mesma fonte, determinaria, além das características individuais como a forma da face, a cor dos olhos e dos cabelos etc., os riscos de doenças. Todavia, a maioria dos problemas de saúde, como a diabetes, a depressão ou as doenças cardiovasculares - segundo os mesmos cientistas - resultariam de uma interação complexa de numerosos genes além de fatores exógenos (que se formam no psicossoma), determinados pelo ambiente e os hábitos de vida.
O sexo, como veremos a seguir, não serve tão somente para que a humanidade se reproduza. Enquanto a maioria dos organismos inferiores não necessita dele, e entre estes, além de muitas plantas, aproximadamente 43 mil espécies conhecidas de vertebrados (entre eles alguns peixes, répteis e anfíbios), os mamíferos claramente lhe são subordinados e existem duas explicações para isso. Enquanto a primeira diz que o sexo serve para misturar os genes e favorecer a evolução e a salvaguarda da espécie, a segunda, mais recente, é a que vê no ato sexual uma atividade para “reparar” o DNA.
A primeira explicação, correspondendo ao modelo até agora aceito, o de Lucrezio-Weisman-Fisher-Muller, diz que a reprodução sexual favorece a contínua mistura dos genes, e, por conseguinte, as características que neles são codificadas. Em outras palavras, aumenta a biodiversidade, a mistura dos genes necessária para que as próximas gerações não corram determinados riscos. Para sermos mais claros, eventuais mutações ambientais que, por serem desfavoráveis, só permitem que os mais fortes se adaptem a elas, durante a fase de acomodação “ajustariam” determinados genes os quais, ao serem transmitidos aos filhos, os tornariam aptos a enfrentá-las sem maiores riscos. Hoje, porém, prevalece um segundo modelo, aquele que havia sido intuído por Platão, retomado por Freud, desenvolvido por Maynard Smith e divulgado por Michod em “Eros and evolution” que propõe que o sexo serve para reparar o DNA. Tratar-se-ia de um “instrumento” para consentir uma reprodução “atualizada” todas as vezes que as células sexuais (as gametas), são ativadas. Assim, a cada ato sexual o DNA seria reprogramado e fortalecido, logo, adequado às mudanças ambientais existentes. Dessa forma, em cada período os filhos nasceriam com as características biológicas adequadas para se adaptarem as condições ambientais existentes. Esta seria a formula que a natureza utiliza para garantir a continuidade evolutiva das espécies sexuadas e a descontinuidade das assexuadas.
Anos atrás, em 1965, o prêmio Nobel de fisiologia François Jacob, um dos descobridores do RNA-mensageiro - uma molécula que atua como intermediária na síntese de proteínas comandada pelos genes, notou que a natureza mais do que “reparar”, “recicla”, e escreveu isso no seu livro “la logique du vivant, une Histoire de l´Héredité”.
O homem é composto por bilhões de células diferenciadas em cerca de 200 tipos que se reconduzem a duas únicas linhas: a somática, isto é, sangue, coração, cérebro pele etc., responsável pela vida do organismo e a sexual: gametas (espermatozóides nos machos e óvulos nas fêmeas), responsáveis pelo sexo e reprodução.
Cada célula é repleta de proteínas: RNA etc., mas tem um único DNA. Este, depois de fazer a sua parte, permanece em repouso porque faz trabalhar suas cópias de reserva, e são estas que garantem a continuidade de suas funções. O DNA é “finito” porque vive só uma vida nas células somáticas, enquanto que nos gametas se perpetua vez que passa de uma geração para outra.
O DNA de cada célula humana contém três bilhões de “cartas” combinadas com palavras diferentes: quatro de base azotada, A,C,G e T, em uma infinidade de combinações diferentes, todas muitos sensíveis porque radiações e substanciam químicas ceifam diariamente milhares delas. Desta forma, alterações de estrutura, mutações ou alterações de seqüência etc. se acumulam, causando enfermidades genéticas e acelerando o processo de envelhecimento. Danos que a célula somática continuamente repara se são poucos, ativa um programa de suicídio celular, resguardando o organismo, se são muitos e se forem demais pode comandar a eclosão de um câncer ou outra enfermidade terminal qualquer.

Na revista “National Geographic” (Itália) de novembro de 2005 foi publicado que nas ilhas japonesas de Okinawa, nas montanhas da Sardenha, na Itália e nas comunidades adventistas do Sétimo Dia de Loma Linda, nos EUA, vivem algumas das pessoas mais idosas do planeta. Estes centenários extraordinariamente ativos e gozando ótima saúde possuem um segredo que foge à maioria dos mortais.


Esta noticia, pos sua vez, foi reportada pelo jornal inglês “Daily Mail” depois que enviou um correspondente a Silanus, província Sarda de Nuoro, para ver o fenômeno e colher a opinião do Professor Luca Deiana da Universidade de Sassari que há mais de dez anos estudava o fenômeno. Seus estudos revelaram que os habitantes locais possuem uma estrutura de DNA similar porque há milhares de anos permanecem no local, e adiciona: “o estilo de vida, ou seja, trabalhar 364 dias por ano, não se aposentar antes dos noventa, observar uma dieta a base de legumes, verduras, frutas e alguns copos de vinho tinto diários, além dos fatores ambientais, é o responsável pela longevidade. Estas pessoas, em suas existências jamais experimentaram o stress. A vida nesse local é simples, por conseguinte tranqüila e serena. As pessoas tem fé, estão sujeitas a um índice de enfermidades inferior à média e, visto que no local não há atrações como nas cidades, convivem muito umas com as outras Mas, indubitavelmente, são estes aspectos que contribuem para a longevidade”, diz o Dr. Deiana. Sim, a tese do Dr. Deiana é confirmada por inúmeras pesquisas e esta é uma delas.

Pesquisas recentes dão respaldo científico a uma crença que, divulgada no Ocidente pelo pessoal da paz-e-amor, está na base de filosofias orientais milenares – a que uma mente apaziguada ajuda a prevenir doenças, acelera a recuperação física e até cura. O contrário também se revelou verdadeiro. Pensamentos e sentimentos negativos contribuem para o surgimento de moléstias e atrapalham o restabelecimento de um doente. Rancor, hostilidade, ressentimento e angústia podem estar na origem de distúrbios cardíacos, hipertensão, depressão, ansiedade, insônia, enxaqueca e infertilidade. Além disso, o peso dos sentimentos ruins debilita o sistema imunológico, fazendo com que o organismo se torne um alvo fácil de infecções, alergias, e doenças auto-imues como a artrite reumática.
Um dos maiores investigadores do poder da mente sobre a saúde é o cardiologista americano Herbert Benson, da Universidade de Harvard, autor do livro “Medicina Espiritual”. Pesquisas conduzidas por ele mostram que, em media, 60% das consultas medicas poderiam ser evitadas, caso as pessoas usassem sua capacidade mental para combater naturalmente tensões que são causadoras de problemas físicos.
A meditação demonstra Benson, figura entre as maneiras mais efetivas de fortalecer a mente. Meditar, no caso, não significa pensar detidamente sobre um determinado assunto ou aspecto da vida. Quer dizer o contrário: não pensar em nada durante uma certa parte do dia. É dessa forma, esvaziando a mente das atribulações cotidianas, que os monges budistas tentam atingir o nirvana – aquele estado de absoluta suspensão do ego através do qual se consegue escapar das aflições que costumam tumultuar o cérebro da maioria das pessoas, prejudicando sua saúde. Para os seguidores de Buda, esse é o supra-sumo do conhecimento e da felicidade.
Num de seus estudos, Benson acompanhou durante cinco anos pacientes que aprenderam a meditar para tentar controlar doenças coronárias crônicas e outros problemas. Ele notou que os que meditavam de maneira disciplinada, todos os dias, tiveram taxas de recuperação superiores às do grupo de doentes que não levaram a sério a prescrição. O médico americano também verificou que, graças à técnica, metade dos homens com baixo número de espermatozóides por efeito do stress havia melhorado sua produção. Outro dado impressionante é que quase 50% das mulheres com infertilidade associada a dificuldades psicológicas conseguiram engravidar.
Um dos mais famosos estudos sobre o assunto é de autoria do radiologista Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia. Ele demonstrou que o transe religioso interfere no funcionamento de certas estruturas cerebrais. Para chegar a esta conclusão, Newberg monitorou, através de tomografias computadorizadas e uso de contrastes, o momento exato em que monges budistas e freiras católicas mostravam estar em contato com o que consideravam uma esfera divina – eles, por intermédio das mais profunda meditação; elas, por meio de fervorosas orações. O pesquisador notou uma desativação quase total da área do cérebro responsável pelo senso de orientação. Isso resulta na sensação prazerosa de que se está desligando do corpo físico. O desligamento cerebral captado por Newberg é a prova material do que mais próximo existe no nirvana budista, do qual já se falou e dos êxtases de que a literatura católica é repleta.
Fonte: revista Veja de 28 de maio 2003

Inversamente, longe da Sardenha e das demais regiões de centenários, os que jamais o serão, residam onde residirem: nos recantos mais afastados, em pequenas cidades ou nos grandes centros, independentemente da condição socioeconômica de que desfrutam, continuam se lamuriando porque em sua ânsia de se locupletar esquecem que os haveres de que hoje dispõem, por poucos ou muitos que sejam, são sempre maiores daqueles que tiveram em épocas anteriores. Destarte, tendem a se habituar com imódica facilidade, vítimas do processo de evolução social, ao que lhe é vantajoso, agradável, cômodo e confortável. Só que, ao invés de adequar-se pacientemente aos tempos que cada uma de suas realizações requer, se insurgem contra o processo natural de “trabalha, poupa adquire” porque exigem tudo já e agora. Como isso jamais acontece, o “pedágio” que são obrigados a pagar por terem desaprendido a aguardar a vez, é a exasperação e o conseqüente stress.
Vivendo nessa “atmosfera de modernidade”, preferenciam o “adquira pronto” em detrimento do “faça você mesmo”, aplicando esse conceito à maioria das atitudes que o dia-a-dia exige que assumam. A título de exemplo citamos as senhoras que (ao invés de se “desgastar” na cozinha como faziam suas genitoras) adquirem alimentos prontos ou semiprontos para ter mais tempo para o lazer...Cabeleireiro, Shopping, bingos com amigas etc., jactando-se, depois disso, que sua opção é imprescindível para se livrarem das tensões do dia-a-dia?
Quem hoje, mesmo entre as classes menos favorecidas, sente-se satisfeito por possuir e usufruir de uma TV sem controle remoto? Bastou chegar ao mercado a TV de plasma de 40 “ para que as demais, ao perderem conceitualmente suas virtudes, contribuíssem para elevar esta última ao status de “necessidade”, um imperativo emocional que para satisfazê-lo, abdicando da razão, milhares de indivíduos se tornam inadimplentes e em seguida - por terem assumidos obrigações que seus orçamentos não comportam - estressados.
O homem, descuidadamente, está abdicando da própria razão ou, em última instância, a submete aos devaneios das próprias irreflexões, porque abraça idéias e afirmações - acreditando-as incontestes - que inúmeras vezes lhe “vendem gato por lebre”. Sim, ao dar preferência ao “adquira pronto” em detrimento do “faça você mesmo”, o indivíduo se propõe a dar plena acolhida ao que é dito pelos “outros”, sejam eles quem forem, sem se dar ao trabalho de perquirir se o que dizem merece credito.
· É dito, em algumas religiões de cunho cristão, que o homem não é responsável pelos seus atos truculentos, vez que é levado a cometê-los pelo demo.
· A ciência diz: muita gente se assusta com a fatura dolorosa do cartão de crédito e entra em estado de angústia quando percebe o valor dos gastos que fez no mês. Contudo, diz ela, antes de se deixar surrar pela culpa é de bom alvitre se inteirar do seguinte: gastar além da conta faz parte da natureza humana, porque as compras, na verdade, resultam de um processo químico-cerebral que foge à consciência do homem.
· O que é dito em relação aos milagres:
(1)-Lourdes é o mais famoso santuário mariano do mundo e, considerando que a primeira aparição a Bernadete aconteceu em 1858, tem quase 150 anos. Ao longo destes, foram incontáveis os milagres que ali ocorreram - de acordo com as afirmações fornecidas pelos fiéis dessa Santa.
Contra-partida:
Com o auxílio do “Bureau Medical de Lourdes” e do “Comitê Medical de Paris”, foi estimado que 300 milhões de peregrinos visitaram Lourdes entre 1858 e 2002, e que entre eles havia 20 milhões de enfermos em busca de uma cura. Todavia, no mesmo período, somente 66 milagres foram oficialmente contabilizados pela igreja. Isso equivale a 0,00033%, ou seja, a 3,3 por milhão.
No livro “Explicando os Milagres” – Dédalo – 2005 - Itália - Maurizio Magnani, o autor, compara estes milagres com as curas inexplicáveis que acontecem em qualquer hospital do mundo. O percentual dos “milagres hospitalares”, isto é, as pessoas que se curaram mesmo quando os médicos não acreditavam que isso pudesse acontecer, é 100 vezes superior ao de Lourdes.
(2)- Certo dia, um rapaz que sofria fortes dores provocadas por cálculos renais pediu a frei Galvão que o abençoasse para lhe tirar a dor. Compadecido, o Frei lembrou-se do infalível poder da Virgem Maria e, tomando um pequeno pedaço de papel, nele escreveu: “Depois do parto, ó Virgem, permaneceste intacta. Mãe de Deus intercede por nós”. Em seguida enrolou o papel na forma de uma minúscula pílula e pediu ao moço que a ingerisse. Este, após ingeri-la, curou-se.
Contra-partida:
Na década de 30, alguns cientistas descobriram que até pílulas de farinha tinham o poder de curar. Isso veio a ser chamado “efeito placebo”. Há muitas considerações a respeito, mas todas giram em torno das curas que determinados pacientes obtém quando são submetidos a uma terapêutica que substitui drogas farmacêuticas por inócuas pílulas de farinha ou açúcar.
Para pesquisar o efeito placebo, os cientistas arrolam voluntários e os dividem em dois grupos. Em um deles os pacientes são tratados com a medicação adequada enquanto no outro recebem um placebo, isto é, algo que imita a aparência e o sabor do remédio verdadeiro, mas que quimicamente é inativo. Como uma pílula de farinha, por exemplo.
Em 1955, em um artigo que ficou célebre, o americano Henry Beecher estimou que 35.5% das pessoas tratadas com placebo se curavam. Essa proporção se tornou um padrão aceito pela medicina. Estudos mais recentes, entretanto, mostraram que em alguns casos os índices de cura placebo chegam a 80%.
Durante décadas os cientistas tentaram entender quais eram as características das pessoas que respondiam positivamente ao placebo, mas terminaram aportando a conclusões opostas. “Trata-se de uma capacidade universal que todos temos”, disse o psiquiatra Walter Brown.
Em um estudo clássico feito no Japão em 1962, foram envolvidos 13 estudantes que eram alérgicos a hera venenosa. Os rapazes tiveram seus olhos vendados, e após isso, foram esfregadas em seus braços folhas de uma planta não tóxica enquanto os pesquisadores lhes diziam que se tratava da hera venenosa. Doze deles tiveram reação inflamatória.
Após alguns dias, os cientistas esfregaram nos braços dos mesmos rapazes a própria hera venenosa, afirmando, entretanto, que se tratava de uma planta não tóxica. Apenas dois deles sofreram a reação alérgica.
Em outra pesquisa feita nos Estados Unidos foram envolvidas 50 mulheres grávidas que experimentavam náuseas e vômito. O pesquisador Stewart Wolf deu a elas xarope de ipecacuanha, uma substância que por sua alta toxicidade deveria intensificar os sintomas. Mesmo assim lhes disse que se tratava de um poderoso agente contra o mal-estar. A maior parte das mulheres agiu de acordo com a fala de Wolf e melhorou. Até hoje, no mundo, a terapia placebo é praticada com sucesso por muitos médicos.

· Diz o Instituto Gallup: brasileiros e americanos com idade entre 30 e 49 anos que trabalham e tem filhos pequenos são as grandes vítimas do stress. Nada menos do que 50% da população nessa faixa etária relata estar constantemente sob tensão. O índice supera em cerca de 10% a média geral.
O stress excessivo a que esses homens e mulheres estão submetidos explica-se por uma conjunção de fatores. Com a conquista do mercado de trabalho, a mulher adiou a maternidade para depois dos 30 anos. E não há como negar que a chegada de um bebê é fator de mudanças profundas na vida de um casal. Ou seja, uma fonte de stress para ambos. Além disso, essa fase da vida é a da consolidação da carreira. Portanto, um período de desafios e preocupações. De outro, o fato de que manter uma criança pequena custa caro.
Contra-partida:
Ao estudarem os fatores que influem na longevidade e tentarem descobrir por que alguns eleitos chegam aos 100 anos, as pesquisas científicas costumam convergir em alguns pontos. A genética é determinante – a predisposição hereditária tem um peso de 20% a 30% sobre quanto se vive. Alimentar-se adequadamente e não fumar conta pontos. Desenvolver a espiritualidade e manter uma vida interior rica descobriu-se recentemente, concorre para avançar nos anos com saúde e boa disposição. Finalmente, para chegar aos 100 anos, ou perto disso, é preciso manter uma vida social ativa, conservando laços estreitos com a família, amigos ou vizinhos.
Os habitantes de Okinawa, Sardenha, Loma linda e da península de Nicoya também se mantém fisicamente ativos em idade muito avançada, fazendo caminhadas diárias, trabalhando no jardim, em hortas ou andando de bicicleta. Mas a característica que mais surpreendeu os pesquisadores foi o comportamento social dos habitantes idosos. Além de desenvolverem a espiritualidade e encarar a vida de maneira positiva, eles se dedicam a um intenso convívio social.
Fonte: Texto extraído da revista Veja de 14 de fevereiro de 2007

Será que a conclusão lógica é que os habitantes destas localidades superam a faixa dos cem anos porque ao viverem em plena harmonia não estão sujeitos ao stress? Claro que não, porque não existem famílias sem “ovelhas negras”, não há regiões isentas de desafios ou competitividades, assim como não existem coletividades sem que alguns de seus membros desrespeitem as leis. Além disso, como vimos, alguns matusaléns locais participaram da primeira e da segunda guerra mundial, foram policiais etc.etc.etc. Como diz o ditado, “todo o mundo é um só país”.
A razão com certeza é outra. Os cidadãos destas localidades, ao invés de submergirem diante de seus problemas, isto é, se envolverem em embaraços psíquicos, preservando sua racionalidade, os gerenciam.
Recentemente convidamos dois irmãos, cada um com a respectiva esposa, com o objetivo de ajudar o primeiro porque, mesmo tendo recebido a mesma educação e se ter formado na mesma universidade, vivia estressado enquanto o outro, ainda que enfrentasse problemas similares, conseguia não ser afetado por eles. Depois de um longo diálogo, solicitamos ao primeiro que inicialmente expusesse seus problemas e posteriormente seus males. Estes eram representados pela insônia, que lhe impedia de se manter lúcido durante o trabalho além de às vezes levá-lo a adormecer ao volante. Pressão alta e disritmia. Má digestão, infindáveis enxaquecas e dores na coluna, além da irritação constante que por redundância o levava a ter dificuldade de se relacionar com as pessoas incluindo a esposa e filhos.
Ouvido, convidamos o irmão (que meses antes havíamos ajudado), a falar a respeito da sua vida. Este, após expor suas dificuldades, tranqüilamente citou como via, interpretava e se relacionava com elas. Concluída a exposição, seu irmão lhe perguntou: Como você faz para administrar isso na sua cabeça?
Resposta: Primeiramente separo o que é meu do que não é, porque a maioria dos nossos problemas na verdade são de outros. No meu caso alguns têm origem em situações, como no trabalho, que fluem porque há muita rivalidade. Eu faço a minha parte da melhor forma possível, e se o resultado desta, devido ao desleixo dos demais participantes não é o melhor, deixo isso claro doa a quem doer. Por isso à noite durmo tranqüilo. Não me desgasto lutando contra as situações aflitivas, as aceito e com elas coexisto pacificamente, porque até onde sei, muda a razão social da empresa, o endereço e nome das pessoas que lá trabalham, mas os problemas são sempre os mesmos. Disse aceito, isso, porém não impede que continue perseguindo meus interesses estejam eles dentro ou fora da empresa onde trabalho. A mesma coisa faço com meus filhos. Sei que o casado tem problemas com a esposa, como estes são deles e não meus, não me envolvo e não me preocupo com eles. Aos menores, agora na adolescência, “dou a corda” necessária, mas, como a outra extremidade permanece na minha mão, os retenho quando julgo oportuno sem me importar se fazem ou não cara feia. Aceito e respeito suas personalidades, vez que jamais são iguais, e as cabeçadas que dão, assim como o sofrimento que lhe é pertinente, são deles, não minhas, porque enquanto menores os eduque para discernir entre o certo e o incerto.
Fiz minha parte, entretanto, permaneço sempre disponível para esclarecer e orientar quando há uma oportunidade ou me procuram com este fim. Contudo, jamais exijo que sigam meus conselhos.
Aprendi o que sei “batendo a cabeça”, porque é errando que se constrói o certo. Se como pai, preocupando-me, tirasse as “pedras de seu caminho antes que tropeçassem nelas”, eles, mesmo como adultos, jamais atingiriam o amadurecimento indispensável para se capacitarem a enfrentar os desafios a vida com algumas chances de sucesso.

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