terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

CAP. VI UMA VELHA ENFERMIDADE

Segundo a historiadora Mary Del Priore, o imperador Dom Pedro II (1825/1891) teve dois filhos homens, mas, por terem morrido na infância, a preservação da sua linhagem no trono passou a depender de suas filhas, isto é, de Isabel Cristina, a primogenita e Leopoldina Teresa a segunda.
Entretanto, como a princesa Isabel nos primeiros anos de casamento com o Conde d` Eu não conseguia engravidar, na medida em que os anos passavam a falta de um sucessor gerava na corte uma ansiedade intensa. Foi no cerne desta agonia que surgiu uma nova esperança, porque Leopoldina, a filha mais nova, ficara gravida.
Pedro Augusto, seu filho, ao nascer em 1866, catalizou a atenção de todos, e, quando em seguída passou a gozar do carinho de seu avô imperador, ninguém teve mais dúvidas de que seria ele a suceder Dom Pedro II no trono.
A princesa Isabel, no entanto, dez anos após o casamento engravidou, e como a Constituição do império rezava que o filho mais velho de Isabel, a primogenita, era o natural sucessor de Dom Pedro II, quando este viesse a abdicar, Pedro de Alcantara, que nasceu em 1875, assumiria o trono.
Nesse momento, segundo a historiadora, teria começado o drama que viria a “envevenar” a alma do principe Pedro Augusto, porque, por ser nove anos mais velho do primo Pedro de Alcantara, ao longo de muitos anos sonhara ser o imperador. Sim, a idéia de que não mais viria a ser o ocupante do trono era devastadora, e por sê-lo, começou a somatizar...Sofria de insónia, suores e tremores nas mãos.
O Brasil, na época, vivia as tensões da campanha abolicionista e do movimento republicano, o ambienta apropriado para que no palacio florescessem as mais crueis intrigas. Pedro Augusto, neste cenário, se tornou um instrumento útil, mesmo porque, aparentemente, era o preferido do avô. Faziam programas juntos, iam ao teatro e, ao acompanhar Dom Pedro II em viagens à Europa, passou a ser conhecido como o favorito.
O sucesso de Pedro Augusto nas cortes do velho mundo, acabou merecendo destaques nos jornais e isso, claro, enfureceu a princesa Isabel e seu marido Conde d`Eu a ponto de tomarem satisfações de Dom Pedro II.
O clima, na família, então, passou a se conturbar, o que estimulou mais ainda a rivalidade entre Pedro Augusto e Pedro de Alcantara. Mas foi a proclamação da Republica que fez ruir os últimos sonhos de Pedro Augusto quando somava 23 anos. Em seguida, abatido e acossado por distúrbios psicóticos, fugiu com a familia para a Europa. Mas esta atitude não foi suficiente para afuguentar sua angústia, e assim sendo, a sua enfermidade se agravou. Dizem que chegou a ser atendido por Sigmund Freud, então um jovem médico austríaco, mas seus problemas continuaram se agravando até que com 27 anos, acossado pelos boatos de que o primo que odiava assumira o trono, tentou o suicídio.
Pedro Augusto viveu solitário e morreu aos 68 anos após passar 41 deles internado em um manicomio. Sim, colocado em uma situação de impasse psicológico, somatizando, desenvolveu a enfermidade que o matou.

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