terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

CAP. XIII AUXÍLIO DA MEDITAÇÃO

Hoje, depois que a ciência ratificou que a meditação fortalece o organismo e reduz o stress, são milhões, no mundo, os que praticam a meditação. É recomendada para prevenir ou controlar a dor das enfermidades crônicas, doenças de qualquer natureza inclusive cardiovasculares, restabelecer o equilíbrio durante distúrbios psiquiátricos como a depressão, a hiper-atividade ou a falta de atenção, diz Daniel Goleman, autor de “Destructive Emotion”, um livro de “conversação entre o Dalai Lama e um grupo de neurólogos”.
Mas o resultado mais interessante é o que emerge dos estudos mais recentes, porque afirma que a meditação ativa a mente e revitaliza o cérebro.
Uma questão de interesse para a neurociência era saber como é ativado o cérebro dos budistas ou das demais pessoas sabias, felizes ou virtuosas, e de que forma se reflete no cérebro a felicidade, a serenidade ou afabilidade que tem origem na meditação.
Estas respostas já começaram a serem obtidas por intermédio da tomografia ou a ressonância magnética, e demonstraram que existem duas áreas principais envolvidas nas emoções, no humor e temperamento.
A amígdala - uma estrutura simétrica em forma de amêndoa situada no proencéfalo - e as regiões adjacentes fazem parte de um sistema de alerta rápido que gerencia o medo, a ânsia e a surpresa, sendo provável que estas estruturas ainda estejam envolvidas em outras emoções fundamentais como a raiva. A segunda área compreende os lóbulos pré-frontais.
Estas pesquisas permitiram a alguns neurocientistas estudar o cérebro dos budistas e entre eles o Dr. Richard Davidson do laboratório da neurociência da Universidade de Wiscousin, EUA. Ele descobriu que os lóbulos pré-frontais esquerdos dos budistas que praticam a meditação ativam-se de forma constante e não só durante a prática da meditação. É uma informação significante porque esta “atividade” nos lóbulos pré-frontais esquerdos indica emoções boas e bom humor, enquanto nos lóbulos pré-frontais direito indica emoções negativas.
Estas pesquisas realizadas com os budistas de Dharamsala, na Índia, onde vive o Dalai Lama, demonstram que estes seres são verdadeiramente felizes e atrás desta felicidade os lóbulos pré-frontais esquerdos são sempre “acesos”.
Contudo, estes budistas não nascem felizes porque não é racional admitir que perfaçam um grupo biológico tão homogêneo a ponto de fazê-los nascer com o “gene” da felicidade, e que seja este que mantém ativos este lóbulos. Por conseguinte, a hipótese mais plausível é que exista alguma coisa nas práticas budistas que permita isso.
Em verdade, como já afirmamos, os monges tibetanos há milênios se habituaram a conviver com tudo o que a vida lhes dá, incluindo “os opostos” por mais opostos que sejam, e a sua história diz isso de muitas maneiras diferentes.
Mas quais são os efeitos da meditação budista sobre a amígdala e demais redes de neurônios do proencéfalo sub-cortical? Através de Joseph LeDoux da Universidade de Nova Yorque, sabe-se que um indivíduo pode ser condicionado, através da amígdala e do tálamo, a se assustar até por coisas insignificantes, e sabe-se ainda que é extremamente difícil contrariar o que a amígdala “pensa ou sente” ao se utilizar tão somente o pensamento racional e consciente.
Alguns trabalhos preliminares evidenciam que a correta prática meditativa “domesticaria” a amígdala. Paul Ekman, do centro médico da Universidade da Califórnia, em São Francisco, descobriu que quem medita não fica nervoso, não se agita e muito menos se surpreende como as demais pessoas com barulhos repentinos, mesmo se estes são provocados por armas de fogo.
Mas, o que acontece ao meditar? Concentrando-se, o sujeito inibe vagarosamente seu “eu” material e expande o espiritual. Em outras palavras, apagando da mente as agitações do cotidiano - entendendo como tais tudo que o prende a matéria - focando mentalmente a si mesmo, na medida em que sua imagem corpórea desvanece, percebe que é parte integrante do universo.
A partir desse momento, segundo os grandes mestres, em comunhão com o todo, com este se harmoniza.
Aqueles que se iniciam na meditação (os que independentemente dos insucessos iniciais persistem), em poucos meses se perceberão menos tensos e constatarão que sua mente, costumeiramente excitada, relaxa, e que depois disso torna-se mais fácil mitigar as emoções positivas ou negativas que sejam.
Os insucessos iniciais são causados porque a mente, não estando habituada a se aquietar mesmo quando em repouso (é imprescindível sentar em local confortável e manter a coluna reta) continua divagando, isto é, esgueira-se de cá para lá movida pelas suas inquietações. É este aspecto que deve ser superado porque não é fácil azerar os pensamentos: eliminado o primeiro, eis que outro de imediato surge impregnado pelas emoções que lhe são pertinentes e assim de contínuo, produzindo a idéia que é impossível detê-los. É esta “obediência mental” que consente ao indivíduo submergir em si mesmo.
Construir um cenário adequado facilita a tarefa: deve-se escolher um local acolhedor, escuro, enriquecendo-o com luz de velas, a flagrância do incenso preferido e por “sons da natureza” ou “solos de violinos” a partir de um CD (por ser cada indivíduo diferente do outro, todos devem escolher, ouvindo antes de adquirir, o CD de sua preferência), solicitando que ninguém perturbe por 15/20 minutos. Esse tempo, em seguida, deve ser ampliado para 30 minutos ou o período que aprouver. Esta “paisagem” possui a atmosfera apropriada para arrancar o indivíduo do desassossego do quotidiano e transportá-lo para uma dimensão de paz.
Para que a “atmosfera” seja apropriada, é imprescindível que o corpo físico, assim como a mente, quer dizer, o psicossoma, estejam bem. Por conseguinte, fome, excesso de alimentação, cigarro, bebida alcoólica etc., são prejudiciais, assim como é prejudicial o cansaço excessivo, gripes, dores ou qualquer outro mal-estar.
Superadas estas dificuldades, logo se torna relativamente fácil meditar. Fácil a ponto de, independentemente de onde se está, para eliminar tensões, recuperar o equilíbrio e serenar a mente, basta fechar os olhos, concentrar-se e mentalizar o cenário em que se está acostumado a meditar.

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