terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

CAP.XVI PLATÃO E A ALMA

Nossa preocupação, ao redigirmos as páginas desse volume, foi despertar a atenção da leitora ou leitor para as atitudes que ao longo das 24 horas diárias adota, não somente enquanto modo individual de se conduzir diante das situações favoráveis ou desfavoráveis que lhe permeiam o caminho, mas, sobretudo, ao estado de ânimo, em outras palavras, a “condição psíquica” que naquele momento a monopoliza, visto que se desequilibrada - irracional, portanto - sempre a conduzirá a uma condição de stress seguida por uma de suas conseqüências somáticas.
Destarte, para garantir uma melhor interpretação dessas páginas, recorreremos a Platão para lhe pedir que nos esclareça a respeito do conhecimento.
Platão não buscava as verdadeiras essências da forma física como fazia Demócrito e seus seguidores, porque sob influência de Sócrates buscava a verdade essencial das coisas. Platão não poderia buscar a essência do conhecimento nas coisas, pois estas são corruptíveis, isto é, variam, mudam, surgem e se vão.
Como o filósofo, procurava buscar exclusivamente a verdade plena e para isso a buscava em algo estável, isto é, nas verdadeiras causas, pois logicamente a verdade não pode variar, porque se há uma verdade essencial para os homens, esta verdade dever valer para todas as pessoas.
Logo, a verdade deve ser buscada em algo superior, vez que nas coisas deve haver um outro fundamento que precede o físico: o metafísico. E a forma de buscar estas realidades é o conhecimento, não das coisas, mas do além das coisas. Isto significa caçar a verdade no interior do homem, porque o homem não é um sujeito fechado em si mesmo, mas um participante das verdades universais.
Platão, assim como seu mestre Sócrates, busca descobrir as verdades essenciais das coisas. O conhecimento era, assim sendo, o conhecimento do próprio homem, mas não homem enquanto corpo, mas enquanto alma.
O conhecimento que o homem contém na alma provém daquilo que existe no mundo sensível. Assim, para Platão, a técnica e o mundo físico eram secundários, uma vez que a alma humana, enquanto perfeita, participa do mundo perfeito das idéias. Porém este formalismo só é reconhecível na experiência sensível.
Também o conhecimento tinha fins morais, isto é, levar o homem à bondade e à felicidade. Assim o conhecimento levaria o homem a dar-se conta das verdades que sempre possuiu, aquelas que o levariam a condição de discernir melhor entre as coisas que apenas tem aparência de verdades, das que são verdades absolutas. Para o filósofo, porém, o caminho para a obtenção do autoconhecimento é árduo e metódico.
Em relação ao mundo material, segundo ele, o homem pode ter somente a “doxa” (opinião) e “téchne” (técnica), que lhe permitem a sobrevivência, ao passo que no que se refere ao mundo das idéias (ou verdadeiro conhecimento filosófico), o homem pode ter a “épisthéme” (o verdadeiro conhecimento).
Para Platão, nem todas as pessoas possuem idêntico acesso à razão. Apesar de todas terem a alma perfeita, nem todas tinham como chegar à contemplação absoluta do mundo das idéias. Segundo ele, ao ver um objeto repetidas vezes, as pessoas lembravam-se, aos poucos, da Idéia daquele objeto porque já o tinham visto no mundo das Idéias. E para explicar sua tese Platão recorria a um mito: “Antes de nascer, a alma das pessoas vivia em uma Estrela, Estrela onde se localizam as Idéias”.
Quando alguém nasce, sua alma é “atirada” da Estrela para a Terra, e o impacto que ocorre faz com que sejam esquecidas as coisas que havia na Estrela. Mas ao ver um objeto aparecer de diferentes formas (como as diferentes árvores que se podem ver), a alma recorda-se da Idéia daquele objeto porque o havia visto na Estrela. Esta recordação é chamada por Platão “anamnesis”.

Agora, para impor aos leitores uma tarefa, isto é, levá-los a refletir a respeito da vida, do agastamento ao longo dela e do stress, quer dizer, do conteúdo desse livro, recordaremos que foi por volta do ano 380 a.C. que Platão dissertou a respeito de “Antes de nascer a alma das pessoas vivia em uma Estrela”.
2.319 anos depois, para sermos mais exatos, em 1939, Francisco Candido Xavier publicou, ditado pelo espírito Emmanuel, o livro “A Caminho da Luz”. Neste, na página 33, se lê:
Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres compulsam em seus estudos, observa-se desenhada uma grande estrela na Constelação do Cocheiro, que recebeu, na terra, o nome de Cabra ou Capela. Magnífico sol entre os astros que nos são mais vizinhos, ela, na sua trajetória pelo Infinito, faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundos, cantando as glorias divinas do Ilimitado.
Quase todos os mundos que lhe são dependentes já se purificaram física e moralmente, examinadas as condições de atraso moral da Terra, onde os homens se reconfortam com as vísceras dos seus irmãos inferiores, como nas eras pré-históricas de sua existência, e marcham uns contra os outros ao som de hinos guerreiros, desconhecendo os mais comezinhos princípios de fraternidade e pouco realizando em favor da extinção do egoísmo, da vaidade, do seu infeliz orgulho.
Há muitos milênios, um dos orbes da Capela, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos.
As lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam delineadas, como ora acontece convosco, relativamente às transições esperadas no século XX, neste crepúsculo de civilização.
Alguns milhões de espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela humanidade, que fizera jus à concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos.
As grandes comunidades espirituais, diretoras do cosmo, deliberaram, então, localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores.
Foi assim que Jesus recebeu, à luz do seu reino de amor e de justiça, aquela turba de seres sofredores e infelizes.
Com sua palavra sábia e compassiva, exortou essas almas desventuradas à edificação da consciência pelo cumprimento dos deveres de solidariedade e de amor, no esforço regenerador de si mesmas. Mostrou-lhes os campos imensos de luta que se desdobravam na Terra, envolvendo-os no halo bendito da sua misericórdia e da sua caridade sem limites. Abençoou-lhes as lacrimas santificadoras, fazendo-lhes sentir os sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a sua colaboração cotidiana e a sua vida no porvir.
Aqueles seres angustiados e aflitos, que deixavam atrás de si todo um mundo de afetos, não obstante os seus corações empedernidos na prática do mal, seriam degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite dos milênios da saudade e da amargura; reencarnariam no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem o paraíso perdido nos firmamentos distantes. Por muitos séculos não veriam a suave luz de Capela, mas trabalhariam na Terra acariciados por Jesus e confortados na sua imensa misericórdia.
Aquelas almas aflitas e atormentadas reencarnariam, proporcionalmente, nas regiões mais importantes, onde se havia localizado as tribos e família primitivas, descendentes dos primatas. Com a sua reencarnação no mundo terreno, estabeleciam-se fatores definitivos na história etnológica dos seres.
Um grande acontecimento se verificara no planeta. É que, com essas entidades, nasceram no orbe os ascendentes das raças brancas.
Em sua maioria, estabelecem-se na Ásia, de onde atravessaram o istmo de Suez para a África, na região do Egito, encaminhando-se igualmente para a longínqua Atlântida, de que várias regiões da América guardam assinalados vestígios.
Não obstante as lições recebidas da palavra sábia e mansa do Cristo, os homens brancos olvidaram os seus sagrados compromissos.
Grandes porcentagens daqueles espíritos rebeldes, com muitas exceções, só puderam voltar ao país da luz e da verdade depois de muitos séculos de sofrimentos expiatórios; outros, porém, infelizes e retrógrados, permanecem ainda na Terra, nos dias que correm, contrariando a regra geral, em virtude de seu elevado passivo de débitos clamorosos.

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